Santa Querida Pequenina
susurrava a Mão baixinho.
Mão que desinfetava uma ferida
que soprava o ardor do mercúrio-cromo.
Mão que estendia num pequeno envelope,
uma nota redonda de escudos.
Mão que deslizava num caderno
o lápis estudante de geografia
plantas e latitudes, vulcões e longitudes.
Mão que olhava com orgulho
Mão que acalmava lágrimas,
Mão que docemente sorria
e escondida por vezes sofria.
Mão que ligava numa chamada,
o amor do Norte ao Sul.
Mão que conzinhava sabores de uma vida.
Mão que entregava senhas para os elétricos
e que oferecia o lanche aos seus netos.
Mão que escrevia um postal
e que lia pensamentos.
Mão que susurrava baixinho
três palavras de carinho,
junto do meu coração.
Santa Querida Pequenina
era eu, com a Avó pela Mão.